Nascer no Brasil 2

Inquérito nacional sobre perdas fetais, partos e nascimentos (2020 a 2022)

A atenção ao pré-natal, parto e nascimento tem sido objeto de diversas políticas públicas no Brasil, visando reduzir a morbimortalidade materna e infantil e melhorar a qualidade da atenção à saúde da mulher e da criança. O estudo “Nascer no Brasil II: inquérito nacional sobre perdas fetais, partos e nascimentos”, é a segunda edição do estudo “Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre parto e nascimento”. O primeiro estudo acompanhou 23.894 puérperas em 266 estabelecimentos de saúde públicos, conveniados ao SUS, e privados, que realizaram mais de 500 partos por ano, entre fevereiro de 2011 e outubro de 2012.

Nesta nova edição, o estudo será ampliado, incluindo maternidades com menos de 500 partos por ano, e também o tema das perdas fetais precoces, não abordado no estudo anterior. Serão acompanhadas 24. 255 mulheres, que ingressarem no sistema de saúde para o parto ou por perda fetal precoce, em 465 maternidades em todo o Brasil. Este novo estudo permitirá, ainda, analisar a evolução da atenção ao parto e nascimento em maternidades públicas e privadas do país. Além do estudo principal sobre perdas fetais, partos e nascimentos outros temas como morbimortalidade materna e perinatal, COVID-19 na gestação e transtornos emocionais paternos serão investigados.

Acesse os dados preliminares da pesquisa, divulgados na Oficina Morte Materna de Mulheres Negras no Contexto do SUS, organizada pelo Ministério da Saúde. 

Estudo principal

Nascer no Brasil II: Inquérito Nacional sobre Partos, Nascimentos e Perdas Fetais

O “Nascer no Brasil II” apresenta diversos objetivos, incluindo estimar a prevalência de agravos e fatores de risco durante a gestação, avaliar a assistência pré-natal, ao parto e às perdas fetais, e verificar a ocorrência de desfechos maternos e perinatais negativos e seus fatores associados. O estudo será realizado em três etapas: uma hospitalar, durante a internação para o parto ou perda fetal precoce, e duas etapas telefônicas, a primeira realizada no período de 45 a 60 após o parto ou perda fetal, e a segunda quatro meses após o parto ou perda fetal.

A coleta de dados se inicia em outubro de 2020, estando sujeita a adiamento devido a pandemia de Covid-19. Caso necessário, uma nova agenda será pactuada oportunamente com os pares. O estudo coordenado pela Fiocruz conta com diversas parcerias institucionais e fontes de financiamento nacionais e internacionais. O “Nascer no Brasil II”  foi aprovado pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), parecer número 4.104.073 e CAAE:21633519.5.0000.5240, em 11 de março de 2020.

Amostra, etapas e instrumentos de coleta de dados.

AmostraEtapa hospitalar*Etapa por telefone
Parto
Puérperas
30 (M. 100 a 499 p/a)
50 (M. 500 ou mais p/a)
Entrevista presencialCartão pré-natalProntuário1a entrevista
43 a 60 dias.
2a entrevista
4 meses.
Perda Fetal Precoce
Puérperas
Total de admissões por abortamento durante etapa hospitalar.Entrevista presencialCartão pré-natalProntuárioQuestionário Urna1a entrevista
43 a 60 dias.
2a entrevista
4 meses.
Prática profissional
Médicos, Enfermagem, Psicólogos e assistentes sociais.
5 (M. 100 a 499 p/a)
10 (M. 500 a 1999 p/a)
20 (M. 2000 ou mais p/a)
Questionário auto-preenchido
Estrutura hospitalar
Gestores, Epidemiologia, Farmácia.
1Entrevista presencial

* Etapa hospitalar: período até atingir amostra de 30 ou 50 puérperas com admissão de parto, conforme porte da maternidade.

Estudos aninhados

Mortalidade materna, morbidade materna grave, near miss materno e mortalidade perinatal

Os óbitos maternos e perinatais, e a morbidade materna grave, são importantes indicadores de saúde e compartilham dos mesmos determinantes, com estreita associação com as condições de vida, acesso e qualidade da assistência pré-natal e ao parto.

Este estudo permitirá identificar a real magnitude dos óbitos hospitalares perinatais (fetais + neonatais precoces) e maternos, além da morbidade materna grave e near miss materno, e seus determinantes em maternidades no Brasil.

Para avaliação da morte materna, por se tratar de um evento raro, estamos coletando dados de prontuário de todos os óbitos ocorridos no período de um ano, nas maternidades amostradas no estudo “Nascer no Brasil II” (465 estabelecimentos).

Para os óbitos perinatais, estão incluídos todos os óbitos ocorridos nas maternidades incluídas no estudo “Nascer no Brasil II” que apresentam 2000 partos/ano ou mais.

Os dados estão sendo coletados a partir dos prontuários maternos e dos neonatos durante o período de um mês corrido.

Para o estudo da morbidade materna grave e near miss materno, serão avaliadas todas as internações hospitalares por motivos obstétricos (gestantes, perdas fetais, partos) ocorridas durante o período de um mês em maternidades que apresentam 2000 partos/ano ou mais.  Para a identificação dos casos de morbidade materna grave, coletamos os dados de prontuário hospitalar, após a alta da mulher, com utilização dos critérios definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Todos os casos de morbidade materna grave serão avaliados para identificação de casos de near miss materno, também utilizando dados de prontuário seguindo os critérios da OMS.

MM-MMG-NMM-OP: Amostra, etapas e instrumentos de coleta de dados.

AmostraEtapa hospitalar *Etapa por telefone
Morte Materna
Puérperas
Todos os casos durante etapa hospitalar
do estudo principal e período retrospectivo.*
(Todas as maternidades do estudo)
Cartão pré-natalProntuário
Morbidade Materna Grave
Puérperas
Todos os casos durante etapa hospitalar.
(M. 2000 ou mais p/a)
Ficha de triagemCartão pré-natalProntuário
Near Miss Materno
Puérperas
Todos os casos durante etapa hospitalar.
(M. 2000 ou mais p/a)
Ficha de triagemCartão pré-natalProntuário1a entrevista
43 a 60 dias.
2a entrevista
4 meses.
Óbito Perinatal
Fetais + Neonatais precoces
Todos os casos durante etapa hospitalar.
(M. 2000 ou mais p/a)
Cartão pré-natalProntuário1a entrevista
43 a 60 dias.
2a entrevista
4 meses.

* [MM] Coleta de dados retrospectiva ao período de 12 meses anteriores à etapa hospitalar do estudo principal. [MMG-NMM-OP] Coleta de dados durante período de 1 mês após etapa hospitalar do estudo principal.

Transtornos Mentais Paternos no Pós-Parto e Vínculo Pai-Bebê

Apesar das evidências de que a paternidade tem um efeito positivo e protetor a longo prazo na saúde dos homens, também há evidências de que a paternidade no período perinatal pode ser complexa e exigir novas responsabilidades aos pais. Devido ao aumento potencial de estressores neste período, há motivos para supor que é um momento de maior estresse também para os pais.

Atenção crescente tem sido dada aos sintomas depressivos pré e pós-parto maternos, mas pouco se sabe sobre a prevalência de depressão pré e pós-parto paterna. A literatura sobre depressão paterna sugere que, assim como as mães, os pais apresentam maior risco de depressão no pós-parto e nos períodos gestacionais. Associado aos transtornos mentais paternos observa-se, assim como acontece com as mães, pior interação com seus bebês em relação à responsividade, humor e sensibilidade.

Este estudo será realizado em todas as maternidades com 500 partos ao ano ou mais, localizados em regiões metropolitanas das capitais (Rio de Janeiro, Recife, Manaus, Brasília e Porto Alegre). Serão incluídos todos os nascimentos vivos ou mortos (excluídas as perdas fetais precoces).

Será aplicado um questionário com o pai ainda na maternidade (na impossibilidade será realizada entrevista telefônica no período imediatamente após o parto), para coletar algumas informações sociodemográficas e a participação no planejamento da gravidez. Por ocasião da segunda entrevista telefônica com as mães (120 dias após o nascimento) os pais também serão contatados para responder uma triagem de depressão, ansiedade e vínculo com bebê. Serão aplicadas as mesmas escalas da entrevista materna, e estas serão validadas para a população masculina neste estudo. Este projeto tem como pesquisadora responsável Mariza Miranda Theme Filha.

Saúde o Homem: Amostra, etapas e instrumentos de coleta de dados.

Amostra *Etapa hospitalar **Etapa por telefone
Companheiro/Pai50 (M. 500 ou mais p/a)
Regiões metropolitanas
AM, PE, RJ, RS e DF
Entrevista presencial1a entrevista
4 meses.

* Amostra: Somente maternidades das cinco regiões metropolitanas das capitais dos estados AM, PE, RJ, RS e DF. ** Etapa hospitalar: período da etapa hospitalar do estudo principal.

Distribuição territorial da amostra Nascer no Brasil

Amostra e instrumentos do Nascer no Brasil II

Maternidades com mais de 500 partos/ano*

 SUSMistoPrivadoTotal
Hospitais135135135405
Puérperas6.7506.7506.75020.250
Perdas fetais6756756752.025

* 50 puérperas por maternidade e 5 perdas fetais por maternidade.

Todos os hospitais foram selecionados por sorteio. Nos hospitais com 100-499 partos por ano, foi definida uma amostra de 30 puérperas de parto vaginal ou cesariana. Nos hospitais com 500 partos/ano ou mais, a amostra planejada foi de 50 puérperas. Em ambos os hospitais, todas as mulheres admitidas por perda fetal precoce durante o período do trabalho de campo serão incluídas no estudo.

Maternidades com 100 a 499 partos/ano*

 SUSMistoPrivadoTotal
Hospitais20202060
Puérperas6006006001.800
Perdas fetais606060180

* 30 puérperas por maternidade e 3 perdas fetais por maternidade.

Além disso, serão realizadas entrevistas com o gestor da maternidade e com as usuárias que vivenciaram partos ou perdas fetais. Também serão extraídos dados dos seus prontuários hospitalares e cartões de pré-natal. Para incluir a perspectiva dos profissionais de saúde, será realizado também um estudo sobre conhecimentos, atitudes e práticas relacionadas ao manejo do trabalho de parto, parto e perda fetal.

Distribuição da amostra de hospitais por estado

Coordenações estaduais

Adna Gesarone Carvalho Ferreira Pinto

Maranhão

Angela Amanda Nunes Rios

Mato Grosso do Sul
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