Nascer no Brasil

Inquérito nacional sobre parto e nascimento (2011 a 2012)

Parto e nascimento são eventos transformadores na vida de mulheres e bebês e, na maioria das vezes, não apresentam riscos. Estudos recentes sugerem que o modelo medicalizado de nascimentos, em que há excesso de intervenções no parto, como o uso de medicamentos para indução ou aceleração do mesmo, amniotomia, anestesia, episiotomia e, principalmente, a cesariana desnecessária, resultou, dentre outras, no aumento da taxa de nascimentos prematuros.

Diante da necessidade de aprofundar o estudo das repercussões destes procedimentos sobre os desfechos maternos e neonatais no país e, mais, atendendo ao Edital MCT/CNPq/CT-Saúde/MS/SCTID/DECIT n°057/2009, criou-se o projeto “Nascer no Brasil: Inquérito nacional sobre parto e Nascimento”, coordenado pela Dra. Maria do Carmo Leal, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, com a participação de renomados pesquisadores de um grande número de instituições científicas do país.

O intuito dessa pesquisa era conhecer melhor a atenção ao pré-natal, ao parto, ao nascimento e ao puerpério no Brasil, bem como estimar prevalência da prematuridade e a incidência de complicações clínicas imediatas ao parto e após o parto, tanto em mães quanto em recém-nascidos. Descreveu-se, ainda, a prevalência de morbidade materna grave (near miss materno) e desenvolveu-se o conceito de morbidade neonatal grave (near miss neonatal).

Sobre a pesquisa

A pesquisa “Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre o parto e o nascimento”, é um estudo de base hospitalar com abrangência nacional, coordenado pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP-Fiocruz), com participação de renomadas instituições públicas de ensino e pesquisa.

A pesquisa acompanhou 23.894 mulheres e seus bebês em estabelecimentos de saúde públicos, conveniados ao SUS, e privados, que realizaram mais de 500 partos por ano, entre fevereiro de 2011 e outubro de 2012. Foram coletados dados em 266 hospitais de 191 municípios, incluindo as capitais e algumas cidades do interior de todos os estados do país.

Foram entrevistadas 90 puérperas em cada hospital, com permanência de pelo menos sete dias em cada um deles, o que viabilizou incluir mulheres com partos durante o dia e à noite, bem como em finais de semana e feriados. Também foram extraídos dados do prontuário da puérpera e do recém-nascido e do cartão de pré-natal. Duas outras entrevistas, por telefone, foram realizadas, sendo a primeira após o puerpério (42º dia), e a segunda entre seis e dezoito meses após o parto. Foram entrevistados os gestores de todas as maternidades, o que possibilitou conhecer aspectos da estrutura e do modelo de atenção ao parto nesses serviços.

Documentos associados

Sumário executivo temático da pesquisa
Sumário executivo do suplemento da revista Reproductive Health

1
Puérperas
1
Hospitais
1
Municípios

Fotografias: Bia Fioretti. ENSP/Fiocruz.

Metodologia

O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/Fiocruz sob o CAAE 0096.0.031.000-10. Todos os cuidados foram adotados para garantir o sigilo das informações coletadas, tanto das mulheres e de seus conceptos quanto das instituições, sendo os dados apresentados de forma agregada pelas cinco macrorregiões do país.

A aprovação por um Comitê de Ética em Pesquisa reconhecido nacionalmente foi fundamental para que o projeto tivesse aceitação nas diferentes instâncias em que o mesmo teria que transitar. O projeto também foi aprovado pelo Comitê de Ética da maioria das instituições em que a pesquisa foi conduzida.

Principais resultados

No setor privado, a proporção de cesarianas chega a 88% dos nascimentos. No setor público, envolvendo serviços próprios do SUS e os contratados do setor privado, as cesarianas chegam a 46%. A recomendação da OMS é para que as cesarianas não excedam 15% do total de partos, pois estudos internacionais vêm demonstrando os riscos das elevadas taxas de cesariana tanto para a saúde da mãe quanto a do bebê.

Independentemente do nível socioeconômico, a demanda por cesáreas parece ser baseada na crença de que a qualidade do cuidado obstétrico está associada à tecnologia usada no parto e nascimento. Levando em consideração essas informações, esse estudo apresenta, pela primeira vez, um panorama nacional do parto e nascimento no Brasil de acordo com regiões geográficas, capitais e não-capitais, no setor público e privado.

Acredita-se que os resultados desta pesquisa venham a contribuir com relevantes informações acerca das condições socioeconômicas das mulheres, seus fatores de risco gestacionais, acesso aos serviços de saúde, qualidade do atendimento, condições do parto além dos principais desfechos obstétricos e neonatais. Espera-se ainda que os resultados produzidos possam fornecer evidencias cientificas sobre as atuais condições de nascimento para o Ministério da Saúde, gestores estaduais, municipais, entidades de classe, operadoras de planos de saúde e usuárias do sistema de saúde, com vistas a estabelecer um pacto para melhoria da qualidade da atenção e redução de intervenções desnecessárias.

Taxa de cesariana por região e serviço

Uso dos serviços de saúde de acordo com a cor a pele materna

Uso dos serviços de saúde de acordo com a idade

Uso dos serviços de saúde de acordo com a classe

Equipe

Coordenação Geral

Dra. Maria do Carmo Leal

Coordenação Central

Dra. Silvana Granado Nogueira da Gama
Dra. Mariza Miranda Theme Filha
Dra. Rosa Maria Soares Madeira Domingues
Dr. Antônio Augusto Moura da Silva
Dra. Jacqueline Alves Torres
Dr. Marcos Augusto Bastos Dias
Dra. Maria Elisabeth Lopes Moreira
Dra. Sonia Duarte Azevedo Bittencourt

Coordenações Regionais

Norte
Dra. Rejane Silva Cavalcante

Nordeste
Dr. Álvaro Jorge Madeiro Leite
Dr. Paulo Germano de Frias

Centro-Oeste
Dra. Daphne Rattner

Sudeste
Dra. Carmen Simone Grilo Diniz
Dra. Sônia Lansky

Sul
Dra. Eleonora d’Orsi

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