Nascer no Brasil 2 Em 2021 iniciamos um novo inquérito sobre a assistência pré-natal, aborto, parto e nascimento. O estudo abrangeu uma amostra de 22.000 mulheres, distribuídas em 395 hospitais em todo todo Brasil. Pais, gestores e profissionais também participaram. Nascerbrasil-sepia Nascer no Brasil O estudo Nascer no Brasil mapeou e sintetizou pela primeira vez as práticas de atenção ao parto e nascimento no país. Foram entrevistadas 23.839 mulheres, em 266 hospitais, em 191 municípios. Slide

Nossos projetos

Grupo de Pesquisa Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente

Atuamos há mais de 25 anos na produção de evidências científicas voltadas à saúde das mulheres e seus bebês. Vinculado ao Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz), o grupo tem trajetória consolidada no campo da saúde reprodutiva e perinatal.

Em 1999, realizamos nossa primeira investigação sobre parto e nascimento em maternidades públicas e privadas do Rio de Janeiro, entrevistando mais de 10 mil puérperas. O que vimos nos alarmou: partos vaginais com intervenções dolorosas e desnecessárias, cesarianas agendadas sem início do trabalho de parto, peregrinação por atendimento e relatos de discriminação racial. A partir de então, a gestação, o parto e o nascimento tornaram-se o centro do nosso trabalho, como descrito na linha do tempo a seguir.

Coordenamos o Nascer no Brasil – Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento, realizado em 2011-2012, que se tornou um marco na área ao subsidiar políticas públicas e inspirar uma série de desdobramentos. Essa foi a primeira pesquisa a oferecer um panorama nacional sobre a situação do parto e nascimento. Também integramos a coordenação do estudo Nascer nas Prisões, conduzido em todos os presídios brasileiros com mulheres grávidas ou acompanhadas de seus bebês. Atuamos ainda na coordenação das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste na avaliação da Rede Cegonha, estratégia do Ministério da Saúde voltada à organização da atenção à saúde reprodutiva e ao parto humanizado no Sistema Único de Saúde (SUS). Assim como, estivemos à frente da avaliação do projeto Parto Adequado, uma iniciativa da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), do Hospital Israelita Albert Einstein, do Institute for Healthcare Improvement (IHI) e do Ministério da Saúde, implementada na rede privada com foco na melhoria da atenção ao parto e nascimento,projeto denominada Nascer Saudável.

A partir de 2020, ampliamos nosso escopo com o estudo multicêntrico “Necessidades e desafios relativos à saúde sexual e reprodutiva de mulheres adultas e adolescentes migrantes”, componente brasileiro do projeto internacional ReGHID – Redressing Gendered Health Inequalities of Displaced Women and Girls in Contexts of Protracted Crisis in Central and South America.

Atualmente, coordenamos o Nascer no Brasil II – Pesquisa Nacional sobre Aborto, Parto e Nascimento, nova edição do estudo nacional com abrangência ampliada a mais unidades de saúde, incluindo aquelas com 100 a 499 partos/ano e o tema do aborto, que busca conhecer as condições de saúde das gestantes, puérperas e seus bebês no Brasil, uma década após a primeira edição. Seguimos, assim, firmes em nosso compromisso com a ciência, a saúde pública e a defesa dos direitos das mulheres, crianças e adolescentes.

Nascer no Brasil II

A Pesquisa Nacional sobre Aborto, Parto e Nascimento contribui no embasamento de diretrizes para políticas públicas, na construção de boas práticas fundamentadas em evidências e no aprimoramento da assistência à saúde das mulheres e recém-nascidos. O Nascer no Brasil II coletou dados em todos os estados brasileiros, em 395 maternidades públicas e privadas, durante a internação hospitalar para parto ou aborto. A coleta de dados se estendeu de outubro de 2021 a março de 2025.

A amostra foi realizada com 2 estágios de seleção, correspondendo às maternidades e puérperas, e estratificada segundo macrorregião do país (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul, Centro-Oeste); tipo de hospital (público/misto/privado); localização (capital e municípios localizados em região metropolitana e demais municípios); e número de nascimentos vivos/ano (100–499 NV/ano, ≥ 500 NV/ano). Além da entrevista face a face com as puérperas na maternidade, em média 6 horas após o nascimento/aborto, a pesquisa inclui a coleta de dados de prontuário, dos cartões de pré-natal e de resultados de exame de ultrassonografia. Ela aborda vários aspectos socioeconômicos, comportamentais, atenção pré-natal, admissão na maternidade, trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, além das circunstâncias do aborto e procedimentos realizados.

O estudo foi conduzido em três etapas: no ambiente hospitalar, durante a internação para o parto ou aborto, e duas etapas subsequentes realizadas por meio telefônico, com a primeira oorrendo entre 45 e 60 após o evento, e a segunda quatro meses após o parto ou aborto. As duas entrevistas de seguimento foram realizadas com as mulheres que participaram da linha de base na maternidade, e abordam a presença de morbidade materna e neonatal, uso de serviços de saúde pós-natais, aleitamento materno, satisfação com o atendimento ao parto e aborto, sintomas de depressão, ansiedade e de estresse pós-traumático relacionado ao parto (TEPT), violência obstétrica, vínculo mãe-bebê e discriminação no dia a dia.

Além de coletar dados individuais, a pesquisa avaliou a estrutura e os processos assistenciais dos serviços de obstetrícia e neonatologia das maternidades, fornecendo um panorama detalhado sobre a capacidade instalada. Outro aspecto crucial foi a análise dos conhecimentos, práticas e atitudes dos profissionais de saúde em relação ao aborto, parto e nascimento. Este enfoque possibilitou um entendimento mais profundo das questões de saúde reprodutiva e das influências culturais sobre as práticas assistenciais.

Estudos integrados Transtornos Mentais Paternos no Pós-Parto e Vínculo Pai-Bebê

Apesar das evidências de que a paternidade tem um efeito positivo e protetor a longo prazo na saúde dos homens, também há evidências de que a paternidade no período perinatal pode ser complexa ao exigir novas responsabilidades aos pais. Devido ao aumento potencial de estressores neste período para as mães, há motivos para supor que é um momento de maior estresse também para os pais. Muita atenção tem sido dada aos problemas emocionais maternos na gestação e no pós-parto, mas pouco se sabe sobre a ocorrência desses transtornos entre os novos pais A literatura sobre depressão paterna sugere que, assim como as mães, os pais apresentam maior risco de depressão no pós-parto.

A Pesquisa Nascer no Brasil II, além de investigar à saúde mental materna, realizou entrevistas com os pais com o intuito de conhecer aspectos da sua saúde física e mental, seu relacionamento com a companheira e com o bebê três meses após o nascimento.  Esse é um estudo inédito no Brasil e foram entrevistados mais de 4000 pais, o que fornecerá um conhecimento amplo sobre a saúde do homem após o nascimento de um filho.

Mortalidade materna, morbidade materna grave, near miss materno e mortalidade perinatal

Os óbitos maternos e perinatais, e a morbidade materna grave, são importantes indicadores de saúde e compartilham dos mesmos determinantes, com estreita associação com as condições de vida, acesso e qualidade da assistência pré-natal e ao parto. Esses estudos permitiram identificar a real magnitude dos óbitos perinatais (fetais+neonatais precoces) hospitalares e maternos, além da morbidade materna grave e near miss materno, e seus determinantes em maternidades no Brasil.

Para avaliação da morte materna, por se tratar de um evento raro, foram coletados dados de prontuário de todos os óbitos ocorridos nas 399 maternidades amostradas no Nascer no Brasil 2, no período de 2020 e 2021. 

Para os óbitos perinatais, foram incluídos todos os óbitos ocorridos nas maternidades incluídas no estudo  que apresentavam 2750 partos/ano ou mais. Os dados foram coletados a partir dos prontuários das mães e dos neonatos precoces durante o período de um mês corrido.

Do mesmo modo, para o estudo da morbidade materna grave e near miss materno, foram avaliadas todas as internações hospitalares por motivos obstétricos (gestantes, abortos, partos e puerpério) ocorridas durante o período de um mês em maternidades com 2750 partos/ano ou mais.  Para a identificação dos casos de morbidade materna grave, coletamos os dados de prontuário hospitalar, após a alta da mulher, com utilização dos critérios definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Todos os casos de morbidade materna grave foram avaliados para identificação de casos de near miss materno. 

Estudo do Estado do Rio de Janeiro

A amostra de puérperas do Estado do Rio de Janeiro foi calculada utilizando-se os mesmos parâmetros do estudo nacional, e expandida a fim de permitir análises no nível estadual, o que será possível para poucas unidades da federação. Seu tamanho amostral mínimo de 1.350 puérperas foi ampliado, alterando o número de 50 para 90 puérperas nos hospitais públicos e mistos com ≥500 NV/ano. As entrevistas hospitalares ocorreram entre novembro de 2021 e junho de 2023 em 29 hospitais de 18 municípios. No total, foram entrevistadas 1.923 mulheres, sendo 1.762 puérperas (1.752 NV e 10 natimortos) e 161 pós-aborto. Esses dados resultaram na produção de 6 artigos a serem publicados em um número temático na Revista de Saúde Pública e divulgados no Lançamento dos primeiros resultados do Nascer no Brasil 2 com foco no Estado do Rio de Janeiro, no dia 03 de setembro, às 13h30, na ENSP/Fiocruz. 

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