


Coordenamos o Nascer no Brasil – Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento, realizado em 2011-2012, que se tornou um marco na área ao subsidiar políticas públicas e inspirar uma série de desdobramentos. Essa foi a primeira pesquisa a oferecer um panorama nacional sobre a situação do parto e nascimento. Também integramos a coordenação do estudo Nascer nas Prisões, conduzido em todos os presídios brasileiros com mulheres grávidas ou acompanhadas de seus bebês. Atuamos ainda na coordenação das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste na avaliação da Rede Cegonha, estratégia do Ministério da Saúde voltada à organização da atenção à saúde reprodutiva e ao parto humanizado no Sistema Único de Saúde (SUS). Assim como, estivemos à frente da avaliação do projeto Parto Adequado, uma iniciativa da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), do Hospital Israelita Albert Einstein, do Institute for Healthcare Improvement (IHI) e do Ministério da Saúde, implementada na rede privada com foco na melhoria da atenção ao parto e nascimento,projeto denominada Nascer Saudável.
A partir de 2020, ampliamos nosso escopo com o estudo multicêntrico “Necessidades e desafios relativos à saúde sexual e reprodutiva de mulheres adultas e adolescentes migrantes”, componente brasileiro do projeto internacional ReGHID – Redressing Gendered Health Inequalities of Displaced Women and Girls in Contexts of Protracted Crisis in Central and South America.
Atualmente, coordenamos o Nascer no Brasil II – Pesquisa Nacional sobre Aborto, Parto e Nascimento, nova edição do estudo nacional com abrangência ampliada a mais unidades de saúde, incluindo aquelas com 100 a 499 partos/ano e o tema do aborto, que busca conhecer as condições de saúde das gestantes, puérperas e seus bebês no Brasil, uma década após a primeira edição. Seguimos, assim, firmes em nosso compromisso com a ciência, a saúde pública e a defesa dos direitos das mulheres, crianças e adolescentes.

A amostra foi realizada com 2 estágios de seleção, correspondendo às maternidades e puérperas, e estratificada segundo macrorregião do país (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul, Centro-Oeste); tipo de hospital (público/misto/privado); localização (capital e municípios localizados em região metropolitana e demais municípios); e número de nascimentos vivos/ano (100–499 NV/ano, ≥ 500 NV/ano). Além da entrevista face a face com as puérperas na maternidade, em média 6 horas após o nascimento/aborto, a pesquisa inclui a coleta de dados de prontuário, dos cartões de pré-natal e de resultados de exame de ultrassonografia. Ela aborda vários aspectos socioeconômicos, comportamentais, atenção pré-natal, admissão na maternidade, trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, além das circunstâncias do aborto e procedimentos realizados.
Estudos integrados Transtornos Mentais Paternos no Pós-Parto e Vínculo Pai-Bebê
Apesar das evidências de que a paternidade tem um efeito positivo e protetor a longo prazo na saúde dos homens, também há evidências de que a paternidade no período perinatal pode ser complexa ao exigir novas responsabilidades aos pais. Devido ao aumento potencial de estressores neste período para as mães, há motivos para supor que é um momento de maior estresse também para os pais. Muita atenção tem sido dada aos problemas emocionais maternos na gestação e no pós-parto, mas pouco se sabe sobre a ocorrência desses transtornos entre os novos pais A literatura sobre depressão paterna sugere que, assim como as mães, os pais apresentam maior risco de depressão no pós-parto.
A Pesquisa Nascer no Brasil II, além de investigar à saúde mental materna, realizou entrevistas com os pais com o intuito de conhecer aspectos da sua saúde física e mental, seu relacionamento com a companheira e com o bebê três meses após o nascimento. Esse é um estudo inédito no Brasil e foram entrevistados mais de 4000 pais, o que fornecerá um conhecimento amplo sobre a saúde do homem após o nascimento de um filho.
Estudo do Estado do Rio de Janeiro
A amostra de puérperas do Estado do Rio de Janeiro foi calculada utilizando-se os mesmos parâmetros do estudo nacional, e expandida a fim de permitir análises no nível estadual, o que será possível para poucas unidades da federação. Seu tamanho amostral mínimo de 1.350 puérperas foi ampliado, alterando o número de 50 para 90 puérperas nos hospitais públicos e mistos com ≥500 NV/ano. As entrevistas hospitalares ocorreram entre novembro de 2021 e junho de 2023 em 29 hospitais de 18 municípios. No total, foram entrevistadas 1.923 mulheres, sendo 1.762 puérperas (1.752 NV e 10 natimortos) e 161 pós-aborto. Esses dados resultaram na produção de 6 artigos a serem publicados em um número temático na Revista de Saúde Pública e divulgados no Lançamento dos primeiros resultados do Nascer no Brasil 2 com foco no Estado do Rio de Janeiro, no dia 03 de setembro, às 13h30, na ENSP/Fiocruz.